quarta-feira, 15 de junho de 2011




Nascimento:19/11/1942, Bakwa Kalonji
Profissão: Professor universitário e pesquisador
Projeto: Museu Aberto Kabeng ele Munanga nasceu na República Democrática do Congo, antigo Zaire, em 19 denovembro de 1942. Foi o primeiro antropólogo de seu país, saindo pela primeira vez parafazer mestrado na Bélgica. Chegou ao Brasil por convite de um colega, terminou seu doutorado, retornou ao Congo. Em 1980 veio para o Brasil, para assumir a cadeira de Antropologia na Universidade do Rio Grande do Norte. Depois de um ano muda-se definitivamente para São Paulo, tomando como sua casa a Universidade de São Paulo. Tem cinco filhos, dois belgas, dois conguianos e um brasileiro.
A identidade negra foi uma denominação dada a população oriundo das regiões africanas pelos europeus para legitimar diferenças e justificar a dominação, e a partir do século XX a população negra se apropria dessa denominação para construir uma identidade de luta e unir coletivamente este grupo social. O embranquecimento do negro realizar-se-a principalmente pela assimilação dos valores culturais do branco. Assim o negro vai vestir-se como europeu, e consumirá alimentação estrangeira, arquitetura são rigorosamente copiados, as negras desesperam-se alisando os cabelos e torturando a pele com produtos quimicos, a fim de clarea-la um pouco. Escondendo-se o passado, as tradições , as raizes. Infelizmente, o esfoço do negro para tornar-se branco não obteve o sucesso que ele esperava. Ver video.

AUTOR: KABENGELE MUNANGA

HERMENÊUTICA ÉTNICA

HERMENÊUTICA ÉTNICA: O QUE É?

É a ciência e a arte que estuda a interpretação da Bíblia. Ciência porque estabelece regras positivas e invariáveis. Arte porque as suas regras são práticas.

Origem: Do grego hermeneuticós => Ciência que tem por principal objetivo descobrir o verdadeiro significado de um texto. Quando empregada nas Sagradas Escrituras a sua missão passa a ser interpretar o que realmente Deus quer revelar através da Bíblia.


HERMENÊUTICA ÉTNICA
COMO, QUANDO, ONDE E POR QUE?


A hermenêutica étnica vai surgir em resposta a muitas perguntas que se levantaram na história do cristianismo e sentindo na pele que o mesmo branco que apresenta o “cristianismo” é o mesmo opressor, excludente e racista. Falam da unicidade de Deus para todos os povos, sem exceção de povo ou raça, todavia, não se percebe isso como verdade em nossas comunidades cristãs. Ainda enfrentamos muitas diferenças de convivências multirraciais dentro das nossas comunidades, e a verdade é que o branco sempre dificultou e dificulta a vivência multirracial. Ele classifica quem são os melhores homens e mulheres na comunidade. Mas estes melhores fieis são os “brancos”.

EM QUE CONSISTE ?

Hermenêutica étnica é o princípio pelo qual a interpretação de qualquer versículo ou passagem da Escritura é determinada mediante uma consideração das divisões étnicas designadas por Deus.


RELEVÂNCIA

Por que falar de negritude na Bíblia e na Igreja

Tem gente que acha desnecessário  falar em negritude na igreja. Em Gl 3:28 diz: Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus. Infelizmente está verdade teológica ainda não é uma realidade encarnada. A situação sociológica, tanto dentro da igreja como fora dela, é que seres humanos continuam fazendo distinções baseada na cor da pele. Por isso é relevante falar em negritude  na Igreja e na Bíblia.


No âmbito Sociológico

O racismo, que por sua vez serve de justificação fundamental ao próprio colonialismo, se constitui na negação mais expressa dos elementos básicos que compõem a identidade negra
negação de uma historia;
negação de uma cultura;
negação  da personalidade;
- negação do valor estético;
- negação da capacidade intelectual.

Metodologia

No Brasil, um pais onde 60% da população tem raízes na cultura afro-brasileira, é de  suma importância abordar um método de leitura bíblica a partir do povo negro. Assim se resgatará a negritude dos personagens  e se enfocarão elementos que demonstram a negritude do local onde é encenada a passagem bíblica para fundamentar a influencia cultural negra na bíblia.

O QUE É MITO:

sm (gr mythos) 1 Fábula que relata a história dos deuses, semideuses e heróis da Antiguidade pagã. 2 Interpretação primitiva e ingênua do mundo e de sua origem. 3 Tradição que, sob forma alegórica, deixa entrever um fato natural, histórico ou filosófico. 4 Exposição simbólica de um fato. 5 Coisa inacreditável. 6 Enigma. 7 Utopia. 8 Pessoa ou coisa incompreensível.

Segundo Mircea Eliade, a tentativa de definir mito é a seguinte, “o mito é uma realidade cultural extremamente complexa, que pode ser abordada e interpretada em perspectivas múltiplas e complementares....o mito conta uma história sagrada, relata um acontecimento que teve lugar no tempo primordial, o tempo fabuloso dos começos...o mito conta graças aos feitos dos seres sobrenaturais, uma realidade que passou a existir, quer seja uma realidade tetal, o Cosmos, quer apenas um fragmento, uma ilha, uma espécie vegetal, um comportamento humano, é sempre portanto uma narração de uma criação, descreve-se como uma coisa foi produzida, como começou a existir...” (Mircea Eliade, Aspectos do Mito, pág12/13)

MITOLOGICAMENTE

Um mito é uma historia que demonstra como um povo explica sua condição no mundo. Por exemplo, é possível entender a partir de Genesis 2:7, que o ser humano feito de argila foi negro? Ou poderíamos dizer pelo menos que ele não foi branco?

GEOGRAFICAMENTE

Um dos maiores impedimentos para uma boa leitura do Antigo Testamento, é a falta de reconhecimento da área  na qual as historias se encontram. Um dos fundamentos desta barreira é a europeização do Egito e seus vzinhos. então, um primeiro passo para entender como a localização  geográfica  pode indicar a negritude do Antigo Testamento.

GENEALOGICAMENTE

Existem várias referências no AT ás origens estrangeiras de uma personagem ou outra na historia israelita, o povo santo. Freqüentemente se comete o erro de imaginar que o povo santo era um povo de uma raça/etnia só.

Adão e Eva eram negros?
  
Na África começou a viagem humana pelo mundo. Dali nosso avós se lançaram à conquista do planeta; e os que mais se afastaram da África, os que mais se afastaram do sol, receberam os tons mais pálidos na divisão das cores.
 Agora nós todos, as mulheres e os homens, arco-íris da terra, temos mais cores que o arco-íris do céu e somos todos africanos emigrados. Talvez nos neguemos a recordar nossa origem comum porque o racismo produz amnésia, ou porque acaba sendo impossível, para nós acreditarmos que naqueles tempos o mundo inteiro era nosso reino, imenso mapa sem fronteiras, e nossas pernas eram o único passaporte necessário.
   
Exemplo de Hermenêutica étnica na bíblia

Desconstruir interpretações racistas

Identificar nas interpretações de racismo ou tentativa de ocultar a negritude do texto que causavam uma des-identificação do texto com a realidade do povo negro e justificavam o racismo e a escravidão dele. Por exemplo Cantares 1:5 eu sou morena e agradável , ó filhas de Jerusalém, como as tendas de quedar, como as cortinas de Salomão, não olhe  para o eu ser morena...

Considerações Finais

A hermenêutica negra não pode ser entendida como problema de cor de pele, mas como uma causa ‘política’. Assumir a causa negra é assumir um processo de libertação que implica transformações sociais radicais, onde todas e todos podem participar com suas particularidades culturais e suas contribuições fundamentais para uma sociedade que não discrimina nem marginaliza o sexo, a idade, a raça, etc.
 Mas como todos os homens nascem iguais, é preciso dizer que a escravidão é contra a natureza, ainda que em certos países esteja fundada numa razão natural; e deve-se distinguir bem estes países daqueles onde as próprias razões naturais a rejeitam, como os países da Europa, onde foi tão felizmente abolida. (MONTESQUIEU, 1999, p. 258). 
Ninguém tem o direito de privar ou negar a existência de outrem; muito pelo contrário, todos são filhos e irmãos do mesmo pai, aquele que tudo crio e fez. Negar o outro é diabolizar aquilo que é mais sagrado para Deus, o HOMEM.



MENÉ, Marlé. Hermenêutica e catequese. Petrópolis, RJ, Ed. Vozes, 1973.